sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

causas perdidas


é preciso sobreviver à hora da verdade
um dia você se afoga no mar da ilusão
e o mar é maior - não cabe na imaginação
ninguém - nunca - vai abraçá-lo
só depois de esfregar os olhos
tudo fica claro - como areia em dia de sol
a luz te ofusca a princípio
depois enxerga - e usa - a chave da prisão
a brincadeira de ser sério acabou
é hora de brincar de ser livre - no xadrez
se pudesse prever que era inevitável, juro, teria me retirado antes
eu sei, extrapolei o horário, gastei todas as fichas - já vou tarde
se soubesse tudo antes, erraria de novo, de novo, igual
não quero o que nunca me pertenceu
eu desisto de quem desiste
deveria ser simples
ser simples às vezes é complicado
é preciso coragem pra errar - covardes acertam sempre
é preciso dignidade pra saber a hora certa de sair
prazer, meu nome é Cândida - amiga de Cândido - que é amigo de Voltaire
a puro sangue que sobrevive porque também vira latas
conhecida também por dedicar amor às causas perdidas
e pra quem tem coragem, ao seu dispor
pra brincar de ser feliz - enquanto ainda pode imaginar o mar