quinta-feira, 30 de julho de 2009

Volta!

Estou só, nada nem ninguém pode enxergar os olhos meus, me sinto infeliz, acho que é medo, pavor, solidão. Essa casa fica triste sem você, não ouço mais seu andado apressado pelo corredor...e me cansei de esperar pela sua chegada triunfal enchendo o ambiente com presença tão marcante. Eu não quero mais ter que ver suas coisas ali, criando mofo, abandonadas. Sempre deixou tudo espalhado e eu nunca me importei em arrumar.
Você fazia parte do meu dia, e estava sempre pronto a me escutar. Ouvia meu chamado, e independente do que estava fazendo e de onde estivesse, você sempre vinha ao meu encontro. Participou de momentos importantes ao meu lado, êxito, derrotas, decepções, alegrias. Mas, um feio dia, não mais que de repente, você partiu...e me deixou aqui...só...
Estou muito magoada, meu coração clama sua volta, está partido, ressentido, dilacerado, e só sabe pensar em você. Não sei como pôde me deixar! Por que?! Por que?! Não suporto essa ingratidão, de tudo te dei, amor, casa, comida, diversão...e você, seu pérfido maldito, sumiu e me deixou a ver navios naufragando...
Ahh...Totó...eu te perdôo, volta pra casa...! Seu pratinho com ração e aquela meleca misturada estão fresquinhos a te esperar...Oh Totó, volta logo pro seu lar, seu cão ingrato!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

cansada...tãoooo


não, eu não sei onde fica esse lugar, desculpe, não comprei o produto certo, a quantidade também tá errada, não, eu não posso esperar nem ligar depois, é, não posso agora, tô ocupada sim, não, eu não tô nervosa, putz, o velhinho pôs o carro na frente da minha garagem de novo, e a voz atormentante, agoniante, metálica da atendente autômata/eletrônica insiste num monólogo comigo, e meus devedores pedem complacência..."me ajuda" (a andar de SW4)...e a mim, quem ajuda (a abastecer a geladeira)? sacal! (...) realmente não tenho saco, já nasci sem, mas mesmo assim sou tolerante, e não confundam com degustação de sapos...se é que me entendem...essa fome que abastece multidões, toda essa gana por matéria, mais valia, vaidade, capa da revista, destaque no jornal, esse adquirir mais que perquirir não me sustenta, me sinto cansada...tãoooo...Descartes e suas teorias sistêmicas (noves fora o racionalismo e a matemática moderna): a combinação de partes, coordenadas, concorrem para certo fim; isso pra mim é o nervoso-sistema, este me quer por pra dentro, me estupra todos os dias, e não há crime, penalidade é só peninha e banalidade... e o dia passa, e eu ainda não saí do lugar, mesmo já tendo percorrido vários cantos, essa pressa não me adianta, os lugares não me cabem, e essa vontade é imortal, nunca vou conseguir matar...tenho remorso, não devia ter falado assim, quanto mais eu irada, mais doce ele ficava, eu sei, ele é lindo, puro, inocente, gosta de travessuras, vê cores em tudo que é pardo, eu não, meus olhos já não conseguem enxergar isso mais, contemplo o que é parco, síntese por favor, resuma essa ópera, não escorregue, poupe meus encerados ouvidos, e a língua então, tá la dentro, e por Deus, quer continuar, não me liguem, não me aticem, nem ao menos perguntem: e ae tude bem? (...), não me falem em tantras, psicos, budas ou qq literato coelho de merda, eu peço, me deixem, quero um troço qualquer que me tire de mim...medicamento...isso não...uma boa dose de veneno anti-hipocrisia já ia bem, e uma longa estadia na Polinésia Francesa também, até me faria ser cortês com Buda se ele viesse me recepcionar de camisa florida e me oferecesse um drink alucinante, eu sei, to aqui, ouço tudo, mas nada quero...socorro...alguém me tira o coração...que não quero mais que bata, nem apanhe...