quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

não me falhem os pés

eu sempre quis voar

só peço agora My Lord, que meus pés não me falhem

eu preciso caminhar pra longe

até alcançar alguma liberdade

chegar na minha linha de partida

distante desse caos que se anuncia

fugir daquela tristeza estranha que aparece no fim de férias

pois nem o sorriso mais sincero

foi capaz de me fazer sorrir hoje

a cada passo, um filme na cabeça, alfinete no coração

vai, tenta se divertir no percurso, que a estrada é longa

uma vez Ele me disse: divirta-se, mas não distraía-se jamais

descubra seu lado selvagem e resista às tentações

são demais os perigos do encantamento

ser são é essencial em momentos de perversão

não precipite meras vontades, desejos ínfimos

a vaidade é nitroglicerina pura

e às vezes vence o amor 

e sempre precede o mal

mesmo parecendo bom

o tempo é implacável

e isso ajuda sempre

mesmo parecendo mal 

bem lá no fundo seremos sempre muito solitários

acompanhados de nossas caixas pretas

não te assustes com essa perspicácia

ela existe pra nos salvar

tudo pode ficar bem depois das últimas palavras

não pense no fim, no medo, nem na morte

é preciso morrer pra viver

meu caminho é em busca da verdade

um dia eu a acho, ou ela me encontra

e se a verdade não te liberta, nem conte comigo