quinta-feira, 15 de outubro de 2009

no problems


Já não sei a quantas ou quanto ando, não sei se vai ou racha, se vou ou se fico, se desço ou dou, se me retiro ou insisto, se chuto ou afago, se torço ou padeço, nada me mostra o tudo como eu tanto quis ver antes. Performances mal acabadas, sujeitos sem verbo, conjugações sem nenhuma conjunção. Tudo ofuscado, quero correr, vou pra lá, venho pra cá, esse caminho me descaminha, eternas voltas, sem destino, um círculo, queria sim, meio e fim, talvez o início, sem vícios, segredos onipresentes, malícias escancaradas, mentiras sinceras ou falsetes ensaiados.
Eu já não sei quem sou, ou sei muito até demais, mas não posso dizer. Nunca consegui ser eu de verdade, entre o pensar, agir e ser, há distâncias nunca percorridas, tudo que é vai além do que se vê, aquém do que se imagina, o momento em que diz - age - é, é diferente do que se pensou ser e sentir. O que sinto não se faz, não acontece, e acaba se transformando no que digo. É confuso demais! Não importa. Não entenda. A indigesta coerência e a consciência estão perdidas, contudo, me resta a alucinação serena.
As vidas se repetem, todos se repetem, um espetáculo de gentes atuando a mesma peça, um jogral desafinado, onde dizem o que pensam sentir e não exprimem nada do que são.
Ae...lá vem ela...a imagem daquele ser sombreado, face escondida, capuz preto e foice na mão. Acena pra mim, cutuca meu ombro esquerdo, me quer já, eu reluto um pouco, depois penso em me entregar, haverá paz...abaixo dos temidos sete palmos, pelo menos...silêncio, isolamento...no problems... Sim, tudo morre e deve morrer, é preciso que haja vazios...disse alguém. Estejam resignados diante do fim! Compreendo que tudo acaba... A tristeza é um cansaço grande, pesado tonel, dói bastante, mas depois, melhora. Dá um medo, mas a gente fica, esperando, como na ante-sala do médico, tem que ficar lá, quieto, pra ser o próximo. Pause! Depois a vida continua seu rumo, com todas as intempéries, como no mar, ondas de prazer e dor, vêm e vão. Não me engano, o auge de algo muito díficil sempre chega, experimente o momento dolorido e sinta-o até o fim. Agradeça por ele também.