domingo, 29 de agosto de 2010

Não foram minhas as suas culpas.




Sei, sei, sei. Não era pra ser assim, baby, mas já foi. Fazer o quê, né? Palavra dita e ato consumado, não tem círculo que consiga fazer a volta pra fazer ser diferente. É como cinzas jogadas ao vento - impossível recolhe-lás. Ahhh...não vá chorar! Quando tudo acabar, estaremos bem, exalando nosso odor despudorado e livre por ae, escancarando os dentes num sorriso sincero, encantando e seduzindo até objetos inanimados. Não peça desculpas. Não cultue remorsos. Não se arrependa. Tem gente que diz que pra tudo - um fim - um destino - um novo começo. Mesmo não sendo adepta destas teorias bestiais paternalistas (Osho e todo seu rebanho), posso tentar engolir essa merda altruísta dos que acham que promovem auto-ajuda.
Infelizes! Não foram minhas as suas culpas! Se esbarraram sem querer querendo, e conversaram horas pra tentar desentender. Cada qual encenou seu papel preferido. A dama gentil e delicada, com suas vestes de pudica pueril na primavera, prolatou palavrinhas quase bem escolhidas para explicar o quanto ela é inocente e solitária, e como acabou caindo ali de para quedas, o qual, não abriu, e ela acabou espatifando suas carnes asseadas no chão eivado de mijo e cerveja (será que quando tira a roupa, deixa a personagem e vira atriz?). Tentativa torpe de convencer a interlocutora (ela não sabia com quem estava falando - não tinha a menor condição de visualizar a dimensão de quem era), de uma tolice tão crassa que a fez querer vomitar no seu sapatinho de cristal. E ele, o macho viril, pragmático, diplomata, pronto a determinar as diretrizes da sua nova rota emocional, afinal, sua teoria de cabeceira é: - Não tá feliz, não tá sorrindo, troca - pega a próxima que está na fila e põe no lugar.
Furacões já arrebataram meu alter ego, fui objeto de estripulia da vaidade alheia, já levei porrada, facada, apanhei na cara, e até conseguiram me derrubar com voadora. Não morri. Não fiquei paraplégica. Quase manquei. Mas minha verve vai além. Sou uma puta de uma egoísta saída de um bordel gótico onde as verdades são ditas por inteiro - questão de sobrevivência, onde um jab de realidade acerta seu narizinho de princesinha direitinha e limpinha, e te derruba da torre do castelo trazendo-a à tona ao mundo que é tocável. Aqui não existe tempo pra papinhos, aventurazinhas e assédios virtuais. Aqui no meu mundo, minha filha, o real suplanta o lúdico, senão você padece degustando nuvens e vendo a banda de punks nus passar e cuspir na sua cara. Aqui os sentimentos são vividos e colocados na atmosfesra, não há lugarzinho quente com cheiro adocicado pra você lamentar rejeições e amores que não sabe viver, isso é pura incompetência, te faz falir. Aqui, chérrie, as oportunidades são disputadas a tapa, e, se você não aproveita, vai ter que vender a janta pra ir ao baile. Sou uma vadia destemida, exagerada e verdadeira, gloriosa por carregar na bagagem um histórico de mulher muito bem amada, idolatrada, salve, salve! O papel de coitadinha amargurada não é pra mim, não sou chegada a colo, nem mágoas. Me viro bem com o que tenho, e minha mala tá carregada de sábias (nem sempre) decisões e opiniões formadas sobre (quase) tudo.
Jurumelas de antanhos. Porcos vis com espinhos tortos. Maledicentes que não sabem amar. Podres imbecis ostentando vida digna em seus dialogozinhos regados à teoria-terapia de quem pensa saber relatar sentimentos que não sabe executar. Carrego enorme pena de gente que veio ao mundo e perdeu a viagem (o Cazuza também). Ignóbeis seres lúdicos, serão sempre escravos de seus sonhos de perfeição, ignorâncias diplomadas e orgulhinhos infantis. Deixo minhas condolências, gente careta e covarde. Talvez, quem sabe, um dia, aprenda, na porrada ou na peixeira, algo que lhe ajude a viver e ver o que é vida de verdade.
Beijo. Desliga.