Quanto mais leio as várias e diversas mulheres, de todas as
categorias, rebanhos e bandeiras (diga-se, aliás, mais dando bandeira que
levantando), dissertando, narrando, e falando do gênero da sua espécie, sobre conquistas,
lutas, anseios, pré-ocupações, pré-conceitos, insatisfações, e todos os seus questionamentos,
respaldados na influência do pensamento feminista de antanhos, diante a
geração contemporânea, mais gosto das pós-feministas.
Gente, é preciso entender que essa prosinha pra boi dormir
tá mais que ultrapassada! Putz, mudemos o discurso, a linha do pensamento,
senão, mulheres do meu coração, ninguém sai do lugar, e daqui 200 anos, se o
planeta chegar lá, nossas tataranetas estarão repetindo essas mesmices prescindíveis
sobre as roupinhas de menina boa e de piriguete/vadia, os corpinhos modelos e os escusáveis, as lutinhas sãs e as deploráveis, os chefinhos que te reconhecem e os que cagam em você ou te assediam, quem lava a louça,
cuida da casa, zela da cria, dirige o
carro ou sustenta o hospício familiar. Não há que se ter mais blá blá blá sobre
a luta dos 'direitos femininos' em face do hipotético domínio global
predominantemente do macho.
Fêmeas, os direitos estão aí, existem, usemos!
Direito ao voto com idêntico peso, ao estudo, a ler e
escrever, a lavorar fora de casa, salários iguais, e até maiores, a abortar –
em alguns países, a trepar sem engravidar, licença maternidade (afinal, só nós
mesmas podemos e sabemos como é parir), a usar calças compridas, dirigir, lei do assédio, lei maria da penha... Somos todos pessoas,
com idêntica carne e sangue, é isso que tem que ser considerado. E outra, não
há supremacia de xx ou xy, o que tem que haver é o respeito. E a supremacia é de
quem está com a razão, sem disputinhas de sexo ou alter ego.
O que precisamos defender é o humano exercendo o direito à
supremacia da sua vontade, de fazer o que bem entender, desde que não machuque,
engane ou sobrepuje ninguém.
O ser humano, de todo gênero, até no gênero neutro (?) – novidade
que li estes dias - são tão iguais dentro da sua desigualdade de cromossomos,
que até se confundem. A desigualdade de gêneros deve ser considerada apenas na medida
de suas diferenças fisiológicas/hormonais.
As diferenças, igualdades e barbaridades estão pra todos e
em todos. Pois, neste mundo habitam, mulheres e homens com e sem pretensões, mulheres
e homens com e sem ambições materiais, intelectuais ou espirituais. Há mulheres e
homens que gostam e assistem novela. Há mulheres e homens que casam porque
querem cumprir os reclames da sociedade, e outros querem casar na igreja porque
acham lindo. Há mulheres e homens que querem casar com o dinheiro do outro. Há
mulheres e homens que mantêm o casamento fracassado e de fachada para não dividir
o patrimônio. Há mulheres e homens incautos, há os que votam em branco e depois
reclamam do governo. Há mulheres e homens que se omitem, que mentem, que matam,
que não pagam impostos. Há mulheres e homens vítimas e bandidos, mulheres e homens que
apanham, que são submetidos, que submetem, que se vendem, que pagam pelo que
fizeram, e mulheres e homens que permanecem impunes. Há mulheres e homens que
fazem programa, que dão o cu, que dançam em nightclubs. Mulheres e homens que
foram traficados, escravizados pelo sexo, pelo dinheiro e pela aparência. E
sinceramente, minha gente, essa bandeirinha do direito de não ser estuprado, me
parece estúpida de tão óbvia. Estupros acontecem porque existem maníacos,
doentes, estupradores, e não porque a vítima está usando mini-saia, decote ou
burca. Seja lá qual vestimenta usar, se passar na frente do vilão na
ocasião propícia, será estuprada, independente da modinha que a enfeite.
*O dia que um ignóbil ser ousou passar a mão em mim dentro
do ônibus, para sua infelicidade, eu não gostei, resultado, desceu do ônibus,
no meio da noite, na estrada, e na porrada...
Eu, no meu parco entendimento anti-gênero, acho bacana o
texto feminista inserido no contexto do comportamento de uma época em que havia
abissais diferenças, ou seja, enquanto marco histórico de posicionamento
social. Das atrocidades primitivas à coisificação da mulher: luto e morro contra
as barbáries de todo gênero e grau por amor à liberdade do ser humano, e não ao
cromossomo.
Mas o grande x da questão é que as mulheres ainda estão
naquele discursinho meia boca ou mesmo pós acadêmico, ao invés de lapidar e aprimorar
a arte de tornar os direitos conquistados efetivos, reais, na prática. Porque
afinal de contas, cada um é o que é, e o que quer ser, e só dá as ordens no
barraco, quem ‘fizer por onde’, e, ou, será o humilhado e subjugado, quem assim
se deixou ser - “Quando a gente manda ninguém manda na gente”. E se ‘escolheram’
ser hipócritas, levianos, infiéis, medíocres, submissos, autoritários, medrosos,
indignos, incompetentes, rasos, infames, estúpidos, o são tanto no masculino
como no feminino.
Mas, por óbvio e evidente, há seres, humanos, que desconhecem
a evolução do mundo e a história, e acabam contribuindo para a confusão das
cabecinhas que só engolem o que lhes é dado mastigado, e por isso,
infelizmente, são cerebrozinhos menos ilustrados. E aí que as mocinhas lindas,
malhadas e desavisadas, e rapazes robustos, machões e ignorantes, acabam por
gerar cenas primitivas e grotescas em universidades, ruas, bares e lugares
afins, e os senhores ignóbeis e endinheirados, e as madames refinadas e afiadas,
abatam-se em tribunais. E se as pessoas desse planeta, que convivem nessa
sociedade inadequada, não começarem a se entender e buscar soluções para seus
conflitos, estarão para sempre enlameadas nessa merda decadente.
Então, será o
nosso grande desafio (?), conviver com posicionamentos retrógrados sem a capacidade
de adequá-los, o máximo possível, ao conhecimento do ser humano moderno.