segunda-feira, 30 de junho de 2014

caixa preta


Vibração, ânimo, força, determinação. Tais palavrinhas de ordem, exaustivamente pronunciadas, embalavam-me.  Eu, sobrecarregando razões - pretextos, justificativas. Convicções!?
Mas, não mais que de repente, uma coisa se perdeu no caminho. E o caminho era curto até, podia eu voltar se quisesse. Mas não. Não vou retornar. O regresso sempre é uma estrada tãooooo longa... Preciso continuar o caminhar. Em frente, para os lados, para cima, para baixo. Para trás, jamais. 
Não se recupera o que já foi. O tempo. Foi o que já era. E o que passou não existe mais, a não ser dentro de quem se omitiu, ou mentiu pra si mesmo no momento que tudo aconteceu, e não se resolveu, ou mal resolveu. 
Interessante como o verbo desfazer se desfaz como fumaça, no vento e no tempo.
Então eu vinha. Mas esqueci porque vim.
Vim mas não sei mais porque estou aqui.
As razões me encheram de nada. Não me explicaram o tudo, nem o pouco. E nunca me convencem do porvir. E do que será. 
O que é necessário pra mim? E pra você? E o que importa de verdade na verdade?!
Quais razões seriam suficientes para fazer crer, viver, amar...
Existem razões que convencem sobre o porquê do querer? Do amar? Sobre o viver? Sobreviver!(?)
Alguém?! Você tem alguma razão convincente suficiente aí? Por favor, manda pra mim. 
É como ter a audácia, ou melhor, a empáfia pragmática de supor interpretar poesia...É tão impróprio como o amor próprio.
Eu não tenho razões. Todas perdidas. Me abstenho. Procuro viver bem sem. Escolhi acreditar que tudo é pra sentir, e nada é pra explicar. 
Crer, orar, doar, admirar, degustar, cheirar, pegar, beijar, amar, amar, e amar...até o avesso dos ossos, até o fundo do poço, até o restolho do bagaço, até o verso e inverso do certo e do incerto, contagiar, expandir, emanar, unir, ratificar, consentir. Dar o alimento pra toda fome, seja lá do que for.
Poder tudo sentir...ao perder razões, justificações e convicções.
E sempre existe aquele que chega carregado de razões e as defende com facões. Pode ser ou fazer algum sentido?
O sentido da desorientação rumo ao pertencimento de uma desorganização secreta. 
Voilá! Abram suas caixas pretas! 



6 comentários:

  1. Preciso sempre ouvir o que você diz. Quer dizer, ler. Queria mesmo te ouvir.

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  2. o verbo desfazer se desfaz no tempo e no vento...isso é real...

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  3. Gosto desta forma q vc expõe suas ideias e sentimentos. As vezes a profundidade é tão obscura, mas quando repito a leitura tudo fica tão claro. Obrigado pelas palavras.

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  4. O sentido da desorientação rumo ao pertencimento de uma desorganização secreta. Qual seria o sentido disso?

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  5. Esse jeito hermético é muito instigante. Eu volto, eu leio, eu repito, eu entendo. É reflexivo, intenso e direto. Parabéns, seus textos são muito bons.

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  6. Ótimo texto! Em resumo, em sua maioria cremos em algo intangível e para crermos precisamos primeiramente ter FÉ. Fé na vida, no amor, em Deus e por aí vai...

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