terça-feira, 7 de abril de 2009

Eu não vou falar de flores


Eu não vou falar de flores, de jardins, do céu azul, do sol dourado, dos doces da vida, das nuvens encantadas, dos capítulos da novela, do último best seller, de holywood, nem das 43 maravilhas do mundo.
Estejam preparados. Comam algo leve.
Se você é altamente impressionável, melhor mudar de página.
Feche os olhos. Isso aqui não é pra você.
Não me importa se o mundo vá ou não à ruína.
A ruína já bateu na porta do mundo, e se apresenta ostensiva, mascarada pelos belos prédios de vidros espelhados, pelos carrões dos coronéis em marcha pelas principais ruas do centralizadíssimo centríssimo (des)administrativo. Nos desfiles de alta moda pelos bares mais caretas e requintados da cidade. Onde se toma uma summer draft quente pelo preço de um marmitex frio.
A visão de alegria dos felizes consiste em não ver o mal do mundo.
É...a felicidade em doses cavalares causa náuseas.
Lá nas margens onde habitam os seres mais desprezíveis e rejeitados...os ditos marginais, "vilenos", periféricos, pobres, malditos, mal vestidos, mal cheirosos, mal ouvidos, mal(e) discentes, há mais alegria, mesmo que rara, porém verdadeira, limpa, crua, sem acessórios.
Tudo aqui não passa de um grande negócio.
Tudo é business. Desde a consulta médica até o atendimento espiritual. A guerra. A paz. A cura. Os vírus fabricados em laboratório.
Os discípulos do Rei se acotovelam nas calçadas dos templos. Quem arrebanhar mais carneiros tem comissão garantida no fim do mês. Os financistas da Losango na Tubal Vilela também, todos de prontidão.
E o fim do mês continua sendo pior que o fim do mundo (Zeca).
Tem gente de tudo que é tipo, objetos, coisas e pessoas de tudo que é preço, cheiros de tudo que é química, e carniça de tudo que sobra de todos que consomem tudo que é inútil.
Não se iludam. A única coisa que fica de verdade é o que se deixa no lixo.
E o que somos(?), senão pedaços de carne falantes, que pensa ser pensante e racional.
E num futuro breve...comida para vermes encaixotada. Com destino certo. Lixo. Quero dizer... cova.
Será que o mal tem cura?
Meu mal é insolência! Queria muito me curar. Queria não ter nascido pensante...isso dói. Amaldiçoada com a carga implacável da inquietude e irresignação.
Óh Mon Dieu! Eu queria tanto ser como aqueles que não sabem o que fazem.
Não tenho bons modos, não sei ganhar dinheiro, não tenho religião, meu filho é pagão e preciso de entretenimento fast food para não surtar.
Nunca faço o que me mandam, aliás, não tenho a quem obedecer, e não temo a deus.
Isso faz de mim uma doente incurável.
Insolente.
Porra, se pelo menos alguém mandasse em mim.

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