quinta-feira, 23 de abril de 2009

A caminho do descanse em paz!

O que você é para o universo, senão um grão de pó(?)! Bem, é verdade, tens sobre ele inexorável poder de destruição. Gafanhotos ávidos e perversos, por onde passam, resta o bagaço. O lema: "sempre adiante". Tecnologia. Desenvolvimento sustentável. Prazeres. Confortos. Sofisticação. Plásticos. Fumaça...E blá blá. E deixemos o abacaxi para os netos.
Bom, mas o que me importa aqui é aquela idosa dúvida a permear meu multifacetado ser, pero que, ter a certeza, a única, que a qualquer hora vou vestir "eternamente" aquele paletó de madeira, me deixa, deveras, buliçosa...
Esses miolos inquietos, divagando pelo ócio do espaço metafísico, procurando num quarto escuro, um gato preto que não está lá (mais ou menos como disse Voltaire sobre a metafísica - nunca, mas nunca mesmo, me fale em metafisica), com tantas indagações e expectativas. É, alguém assim, não pode querer descansar em paz! Além do mais, sofro de insônia. C'est ne pas possible!
Existe um consolo. Yeah! Eternidade (?). Criogenia (?).
Será que esse nosso planetinha, maioria água, impotável, que insistimos em detonar, vai durar tempo suficiente pra eternizar os atuais, as mentes brilhantes contemporâneas?
É, não sei, acho que fodeu!
Eu, no meu míope ponto de vista digo: há muito mais no estômago de um cabrito e numa calcinha molhada do que supõe o vil ovo frito. Eu e essa insistência nesse diálogo comigo mesma. Perguntinhas infrutuosas, que nada elucidam, explicam ou que têm a prerrogativa de fazer qualquer diferença.
A mais cruel das perguntas talvez seja: Quantas desculpas vamos buscar pra continuar cometendo os mesmos erros nefastos? É o que precisamos, de belas desculpas e não de respostas. Os erros estão nos genes? Então o futuro tá na cara. Exoneremos Nostradamus e suas previsões patentes.
Perguntinha marafona, do ânus da taturana de tão infame e rasteira.
Quando finalmente vou debandar dessa vida hipócrita? Digo: "botar fé" que existe gente da melhor qualidade nesse mundo e não poder tocá-las; estar no altar coroada de louros e não poder dizer sim, ser a quarta das Três Marias e não poder brilhar.
Quando vou deixar de ser devedora contumaz dos pobres bancos, até quando insistir em navegar nesse barco furado, perceber o que me rodeia e não tomar atitude, captar os sinais, esfregões, borilamentos, encosta-encosta (in)voluntários e me fingir de cega. GOD, quando é que vou ganhar meu primeiro milhão e viver de excentricidades, enquanto o relógio, deus sinistro e hediondo, devora três mil e seiscentas vezes por hora os melhores sabores, antes que a morte me afronte?! ... Talvez eu até desenvolva o hábito de pilotar aeronaves nos dias santos e jogar squash em meu banheiro de quinze hectares.
Tá bom, eu sei que tudo isso não passa de escrutações descaradamente individuais. Eu que resolva meus carmas com o mundo no tête-a-tête. No facão. À bala. Eu não posso, não devo, e nem quero salvar ninguém. Na minha arca só há uma champanhe quente e uma cama King Size com vista pro mar.
Meu propósito está longe de ser pregação, isso é coisa pra líderes, administradores de rebanhos, Spencer Jonhnson e seu paradigmas corporativistas, ou o magnânimo (?) Deepak Chopra (eca!!). Se vim até aqui e me sujeitei a um amontoado de quadradinhos dispostos num retângulo inanimado e uma envergante postura diante uma tela Dell, não foi para salvar o mundo ou choramingar as irremediáveis magoazinhas existencialistas dos saudosistas, casmurros que sempre se alimentaram do fruto proibido.
Vim até aqui pra pintar uma tela, retratar a ânsia, talvez a angústia melancólica da geração Big Mac, comedores de Windows. Cus gordos. Sabidos. Inteirados. Sem noção. Sem rumo. Sem perspectivas ou sonhos. Bêbados pueris. Fumantes. (E)feito estufados. Bizarros. Insanos. Almas penadas perdidas nas noites. Os que não sabem o que vão ser quando crescer. Os que apareceram, mas não cresceram. Pais e filhos sofredores do "conflito de gerações", que se entopem todo dia de drogas lícitas, ou não, e seguem suas vidas já trilhadas e nada fáceis. Fãs de Janis Joplin. Elvis. Bob Dilan. Otto. Black Label. Sucrilhos. Jhony Cash. The Simpsons. Café com cigarros. Dias frios. Sexy in the city. Marx. MSN. Caverna do dragão. Dick Vigarista. Vídeos de skate. Ratos de Porão. Praia. Bebedeira. Violão. Os fãs de Raul - sem Raul. Noite. Prazer oral. Tartarugas ninjas. Guitarras. Tatoos. Flertes fatais. Bolinações brutais. DVD. LP. CD. Filmes 80's. Modinha retrô. Blues fodidamente solado por um alcoólatra fedorento. As minas que tocam guitarra só de sutiã e calcinha. Os que tem um MP10. Os que amam filmes B. Os que tem banda de garagem. Kids Planet Hemp. Os que vomitaram no táxi. Os que passam por baixo das catracas do ônibus. Os espectadores de CQC. Paixões passionais. Os que brigaram na porta da escola. Os excluídos das festinhas, dos churrascos e eventos sociais. Os Impulsivos. Os retraídos. Os que adoram teatro. Os que destroem tudo o que encosta. Os expulsos de casa. Os que transaram em banheiros. Os que perdem o celular constantemente. Os que fumam escondido. Os que sempre odeiam alguma coisa. Que brigaram com os pais. Os que ligam bêbados de madruga para a casa de alguém. As mulheres independentes e seus vibradores suficientes. Os que foram ao Rio assistir Radiohead. Os que têm atração por nadar pelado. Os que apanham e dizem: "Caí da escada". Os que se deram bem. Os que nunca dão em nada. Os que sonharam em ser piloto de fórmula 1, popstar, pastor do Universo. Os que se foderam. Os que choram quando ouvem Walk on the wild side do Lou Reed (só eu devo ter feito isso). As amigas que sempre dão selinho uma nas outras. Os casais que se beijaram no show do Roupa Nova. Os que tomaram tapa na cara. Os que foram pra São Tomé das Letras e cheiraram "aquela gosma". Os que se foram pra sempre. Os que saem pra procurar emprego e ficam na rua, bebendo, fumando e metendo. Os que nunca vadiaram na vida. Pornô. As "moças" carentes e "boa gente" em busca de um par no MSN. Os que adicionam todo o mundo nos sites de relacionamento. Os que só andam de ônibus. Os que fumam "unzinho" na Facul, que o "irmão" trouxe lá do Esperança. Os que atravessam a cidade de madrugada à pé falando merda com os amigos. As gatas na webcam. Os colecionadores de inúmeros seguidores no twitter. Os que seguem sem mais nem porquê. As gatinhas que mandam spam e citações de Fernando Pessoa no orkut e ainda convencem babacas. Lexotan. FOX. Fliperama. Pé na porta e soco na cara (quando cinematograficamente necessário). James Brown. HQ. YouTube. Fábio Alexandrelli (grande ator) e sua boa má influência. O libertino. Esportes pra quebrar os ossos. Sétima Arte. Rage Against the Machine. Poltronas de cinema. Internet. A carnavalidade do carnaval. Skate board. Long Beach Dub. All Stars. Os que se acharam no vício. Os que se perderam e nunca mais acharam o caminho de volta. Os que já tem filhos. Os que nunca tiveram amigos. Madames que fingem trabalhar demais. Os Bichos-grilos. Os que não leram Céline nem Clarice. Os que indicaram Amor em dobro. Crônica de um amor louco. Os solteiros sim, sozinhos nunca. Os amantes de Pica Pau e as aventuras do Mickey. Os que pegaram o trem pras estrelas. O desperdício de uma vida de inteligência meia boca e quase afrodisíaca. Burras. Incautos. Cuzões. Fakes. Sangues-bom. Marxistas. Sofistas. Pseudo-modernos. Falsos artistas. Fodas. Fodidos. Manos. Minas. Headbanguers. Rappers. Clubbers. Punkers. Beatnicks. Skatistas. Frescurentos, blá, blá, blá...
E, óbvio: alguns dias de mais uma vida inútil e sem ideologia. E quem precisa de uma pra viver? Só o Cazuza mesmo. E, Jack Bauer, o que faria em 24h?.
Não vou gastar meus dedos registrando fatos históricos. Todos os mundos já sabem que essa geração não tem memória na CPU, e que ninguém liga pra porra nenhuma a não ser seus umbigos mal curados.
É, a vida é uma mosca na sopa. Por onde devo andar pra alcançar a salvação. Não está em nenhum pódium nem em medalhas made in China. Talvez na cruz que o filho do Homem carregou. Talvez nem esteja em lugar algum. Nem aqui nem lá. Seja lá onde for. Se é que existisse um lá. Como evitar que minha sofreguidão e conclusões precipitem-se ladeira abaixo, ou se vá pela descarga do vaso sanitário, no triste fim dessa peregrinação suburbana de castelos tupiniquins: subornando-os com objetos da tv, etiquetas do shopping, uma Hilux, cabelo da moda, e perspectivas de uma vida com abundâncias no país das bundavilhas?
Sei lá o que minha alma compraria! Quanto ela vale? Vamos concordar num ponto. Qual mortal não gostaria da improfícua vida em um iate com frigobar e girls da Victoria's Secret de biquíni, modelos da Hugo Boss de calção? Ir pra Bombinhas rasgando a estrada de Kawasaki Ninja, e um pedaço de carne estonteante na garupa?... Até eu que (não) sou (nada) trouxa. Eu. Querendo o mundo. Eu. Híbrida. Fruto da tênue linha entre procurar conhecimento em livros de brexó e lucubrações com gente cult demais pra ter alguma sabedoria. Eu. Planeando busquinhas idiotas e prosas pra boi dormir. Mon Dieu, minha identidade é mais que um número naquele cartão verde! E não consigo conviver com o paradoxo caráter e pré-conceitos dos humanos hipócritas que me cercam. Admiradores dessa tela. Telespectadores. Eu não tenho tempo para perder com a eternidade. Por isso não serei demagoga, política, ou filha da puta a ponto de dizer que amaldiçoarei a vida que se leva nesse atol contemporâneo, e nem indagar se devo cometer suicídio no mundo dos prazeres alucinógenos ou insistir.
Não era bem isso que tinha em mente sobre a vida. Na verdade, senhores(as), eu queria mais do que o mundo, a vida, ou alguém poderia me oferecer. Aliás, ainda hoje, não sei o que estou buscando, e nem estou indo atrás. Eu, sem rebanhos, sem nenhuma laia que me respalde e diga amém. Talvez seja algo que não encontrei em religiões. Sartre. Spinoza. Goethe. Nietzsche. Kinder ovo. Quarteto fantástico. Armazéns. Lojas de 1,99. No resultado da Loto Mania. Nas mensagens subliminares dos filmes da Disney. Nas coreografias da Madona. Documentários do Discovery. Muito menos nas conversas sinceras – esse foi meu único tempo realmente perdido – que tive com pessoas que não deram atenção à voz do meu desassossegado e inútil ser. Eu vos digo que procuro respostas (ou uma bela desculpa) à qualquer custo. E sei, é evidente que não será aqui nesse mundim de estrelas decadentes, popstar falidos, advogados endinheirados, bucetas interesseiras e news riches deprimidos que eu iria achá-las. Mas foda-se. Ainda resta Paris. E um potencial desesperador de expectativa, e talvez, até esperança (argh!!!) na raça humana e algumas idéias pra trocar comigo mesma. Isso sim é a minha tecnologia auto sustentável.

9 comentários:

  1. Porrada! Eloquente! Pura adrenalina! Precisamos de mais não escritoras como vc.

    ResponderExcluir
  2. Nina, vc tem o dom de escrever, texto longo e não consegui parar de ler nem pra tomar fôlego, parabéns!
    Catarina.

    ResponderExcluir
  3. Caracaaaaaa....que cruel, nossa realidade é sal no café. Punhalada refinada.

    ResponderExcluir
  4. Não posso deixar de perguntar: Onde esse cultblog leu fatos históricos no texto? O cult deve ter se confundido sobre o que vem a ser fatos históricos.
    Nina, muito bom seu texto e assustador! Que venha outros para nos lançar na realidade.

    ResponderExcluir
  5. Caí aqui por acaso, e agora vou ser cliente cativo....que texto é esse..porradaaaaaa!!!

    ResponderExcluir
  6. não gosto muito de ler, tenho preguiça de textos longos, mas esse ae, porra meu, me fisgou, muito bom

    ResponderExcluir
  7. bom, tdos ai ja disseram tudo, ênfase: PORRADA!!!

    ResponderExcluir